domingo, 1 de agosto de 2010

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Foi numa dessas manhãs sem sol que percebi o quanto já estava dentro do que não suspeitava. E a tal ponto que tive a certeza súbita que talvez fosse dificil sair. Não sabia até que ponto isso seria bom ou mau — mas de qualquer forma não conseguia definir o que se fez quando comecei a perceber as lembranças espatifadas pelo quarto. Não que houvesse fotografias ou qualquer coisa de muito concreto — certamente havia o concreto em algumas roupas, uma escova de dentes, alguns discos, um livro: as miudezas se amontoavam pelos cantos. Mas o que marcava e pesava mais era o intangível.

(Caio Fernanado Abreu)

2 comentários:

  1. Tudo que é bom demais, é mau. Triste vida.

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  2. Uau, muito real. O Caio tem um quê de realidade, amor e morte que só ele...beijos, Honey!Thiana

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