quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Memórias hiperbólicas de dias bizarros II


Trabalhar na emergência de um hospital público é definitivamente, caótico. Puncionar, fazer curativo, anamnese, exame físico, gasometria, SODIA, evolução e coleta de exames de mais de cem pacientes num espaço 4x4 é de veras muito tenso.

Uma parada aqui, uma vomitada acolá, nada fora do padrão de loucura estabelecido pro ambiente. Enfermeira pra lá, enfermeira pra cá, e parece que as pessoas só sabem chamar (leia-se gritar) pelo enfermeiro. Numa dessas ouvi um berro:

- Enfermeirinha (prefiro não comentar o termo usado), tô com muita dor.
- Dor aonde senhor?
- No sibirá.
- Aonde?
- No sibirá.
- E onde é o sibirá?
- Não posso mostrar aqui moça.

Bem, nessa altura das olimpíadas já imaginando o que poderia vir a ser o sibirá, perguntei:

- O sr. por acaso está com dor no pênis?
- Nããão, nãããão, nããããão! Eu sinto dor no peito ao sibirá pra cá e sibirá prá lá, mas é só quando eu me movo!

Deveriam inventar uma cartilha do estagiário consciente com a tradução de palavras usadas no linguajar popular onde viesse escrito também coisas que você não deve perguntar caso o contexto não tenha sido claro!

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